O Contestado em Porto União
Porto União, antes de acordo de 1916, era União da Vitória, PR. Portanto, a cidade estava localizada na zona do Contestado, isto é, nas terras que foram repartidas entre Paraná e Santa Catarina. Apesar disso, Porto União não foi palco das lutas que se desenvolveram na zona contestada, ou seja, na cidade de Porto União não houve luta. A cidade sofreu as conseqüências da Guerra, isto é, o medo, a falta de segurança, a paralisação dos negócios, etc.
Por outro lado, por ser entroncamento rodoferroviário, a cidade funcionou como ponto de parada das tropas para organização, seguindo depois para a luta. Funcionava, também, como ponto de descanso, na retirada. Era aqui que funcionavam, também, os chamados hospitais de sangue, atendendo os feridos. As lutas mais próximas daqui aconteceram em Matos Costa e Calmon.
Calmon foi completamente destruída e a serraria Lumber, com todo o seu estoque de madeiras, totalmente queimada.
Injustiçados contra as suas aspirações, os sertanejos vingaram-se, barbaramente, de todos, saqueando, matando, invadindo propriedades etc. Algumas figuras históricas que estiveram em Porto União e ficaram famosas: Coronel João Gualberto (morto em ação), e o Capitão Matos Costa (morto em ação).
Matos Costa, que antes se chamava São João dos Pobres, recebeu o nome em sua homenagem. Manoel Correia de Freitas, deputado federal, e o Frei Rogério Neuhaus, vigário de Curitibanos, visitaram os redutos sertanejos, aconselhando-os e procurando estabelecer negociações para se fazer um acordo e terminar a luta. Nada conseguiram de início, mas o Frei Rogério, que mais tarde veio a ser vigário em Porto União, desempenhou papel importante como mediador entre as tropas federais e os sertanejos. O General Carlos Frederico Mesquita esteve aqui no início das lutas. O Tenente-aviador Kirk tombou o seu avião, em 1915, na estrada de Palmas, na localidade de Jangada.
General Setembrino de Carvalho, que conseguiu por fim à luta, em 1915, encurralando os sertanejos e obrigando-os a, pela fome e pela doença, se entregar. Em 1916, os Estados do Paraná e Santa Catarina estabeleceram um acordo para a questão dos limites, repartindo o território contestado e cabendo uma parte para cada Estado.
Concluindo, podemos dizer que as autoridades do Paraná e de Santa Catarina não souberam explorar aquela força de milhares de sertanejos em guerra. O Estado que lhes desse alguma dissidência, teria-os atraído e garantido a posse de todo o Contestado. Os sertanejos, embora conservem a imagem de bandidos, baderneiros e vilões da história, nada mais foram do que vítimas do contexto social da época.