Conhecendo e Convivendo com Enchentes

12/08/2012 19:59

No século XVIII - basicamente marcado pelo tropeirismo – várias cidades localizadas no vale do rio Iguaçu tiveram origem nos antigos pousos e currais dos tropeiros. Estas localidades se formavam nos pontos de pernoite das tropas e nos pontos rasos dos rios, chamados vaus, onde a travessia do gado era possível.

 

A cidade de União da Vitória se formou próxima a um baixio do rio Iguaçu, no hoje Bairro Navegantes, por onde passava o gado que ia do Rio Grande e dos campos de Palmas pelo "Caminho de Viamão" com destino a São Paulo.

 

No passado, os povoados se formavam ao lado dos grandes rios para uso do transporte fluvial. A partir de 1882, os núcleos populacionais ganharam maior impulso com o início da navegação fluvial através do vapor "Cruzeiro". No final do século XIX, a Guerra do Paraguai acabou determinando um bloqueio às importações de erva mate daquele país, e os engenhos do Estado do Paraná se transformaram em uma indústria bastante lucrativa. O transporte fluvial, o beneficiamento e o comércio da erva mate e da madeira foram determinantes no desenvolvimento de cidades como União da Vitória, Porto Amazonas e São Mateus do Sul.

 

Com o fim da Guerra do Contestado e a assinatura do Acordo de Limites em 1916, o que era Paraná virou Santa Catarina e o Colégio Professor Serapião (hoje Grupo Escoteiro Iguaçu) desceu da plácida colina e foi construído quase ao lado da linha da estrada de ferro. Toda a área de várzea esteve desocupada até o ano de 1917.

 

Em 1944, ainda voltado a desenvolver a área de terras obtida pelo acordo de limites com Santa Catarina, o Governo do Estado do Paraná investe na construção da ponte Manoel Ribas (ponte do Arco), construindo monumental aterro para ligar a cabeceira da ponte à parte mais alta dos baixios. Isto induz a utilização de terrenos no eixo da Avenida Manoel Ribas, promovendo a sensação de que esta seria a nova direção para o crescimento da cidade.

 

O poder público e a população abriram o caminho para instalação de casas, comércio e indústria aterrando lotes, abrindo ruas e avenidas em áreas sujeitas à inundação.

 

O período entre os anos de 1936 e 1982 foi marcado com pequenas enchentes. Todas inferiores a 2.700 m3/s, mais ou menos 7,30m na régua do ex-DNAEE e com período de retorno pouco acima de 10 anos. Mesmo a cheia de 1957 não ultrapassou esta marca. 

 

Além disso, se observa um período de 13 anos (entre 1958 e 1970) onde a maior cheia foi de 1560 m3/s - 5,32m na régua e tempo de retorno muito inferior a 5 anos. Foram períodos longos, de níveis máximos anuais baixos, se comparados com outros períodos.

 

Esses valores criaram uma falsa segurança para a população. A cada dia, mais aterros e construções avançavam em direção ao rio. Entre 1944 e 1981, aproximadamente, as manifestações quentes do fenômeno El Nino ocorreram 6 vezes com fraca intensidade.

 

Somente em 1957 o EI Nino foi mais forte e ocasionou uma enchente que atingiu 7,28m.