Capitão Ricardo João Kirk

O Tenente Ricardo João Kirk foi o primeiro oficial do Exército Brasileiro a aprender a pilotar aviões. Brevetou-se em 22 de outubro de 1912, na École d'Aviation d'Etampes, na França.

 

De Regresso ao Brasil, exerceu atividades como Diretor Técnico do Aeroclube Brasileiro, procurando criar um ambiente propício ao desenvolvimento da aviação.

 

Tendo havido, com grande sucesso, uma subscrição popular para a compra de aviões para o Aeroclube Brasileiro, o Tenente Kirk recebeu, da Diretoria do Clube a incumbência de ir à Europa adquirir dois aviões; a 6 de abril de 1914, chega novamente ao Brasil, pelo vapor "Araguaia", trazendo o material aéreo.

 

No dia 24 de maio de 1914, a fim de despertar o entusiasmo do público pela aviação, foi realizada uma corrida de velocidade com dois aviões:

 

- Um monoplano francês Morane Saulnier, com 16 metros quadrados de superfície de asa, equipado com motor Le Rhône de 80 H.P. e pilotado pelo Tenente Ricardo Kirk;

 

- Um monoplano italiano Bleriot-Sit, com 16 metros quadrados de superfície de asa, equipado com motor Gnome de 80 H.P. e pilotado pelo aviador civil Ernesto Darioli.

 

A partida foi do Campo dos Afonsos e o circuito a ser realizado passava sobre vários pontos da cidade.

 

Na chegada, estava prevista uma aterragem de precisão que devia terminar o mais próximo possível de um círculo de seis metros de diâmetro, traçado em branco, no campo.

 

Darioli teve que abandonar a corrida devido ao aquecimento do motori do seu avião; o Tenente Kirk fez todo o percurso e foi considerado vencedor.

 

Durante o ano de 1914, o Governo Federal tentava abafar as sedições de grupos populacionais, denominados por fanáticos, na região do "Contestado", ao norte do Estado de Santa Catarina, a leste da estrada de ferro São Paulo - Rio Grande.

 

Ao deflagrar a Guerra do Contestado, na divisa do Paraná com Santa Catarina, o tenente Kirk foi convocado pelo general Setembrino de Carvalho para conduzir operações aéreas em apoio às operações terrestres, tendo executado basicamente missões de reconhecimento.

 

Três monoplanos foram deslocados para a área de conflito, estacionados no campo de aviação de União da Vitória, sob o comando do tenente Ricardo Kirk; o outro aviador era o civil italiano Ernesto Darioli; esses três aviões, assim como o que foi destruído no transporte ferroviário, entre o Rio de Janeiro e a cidade de União da Vitória, pertenciam ao remanescente da flotilha da "Escola Brasileira de Aviação", que já havia funcionado no Campo dos Afonsos, em 1914, ou eram aviões cedidos pelo Aeroclube Brasileiro.

 

Em 1º de março de 1915, cumprindo uma dessas missões, sob condições desfavoráveis de visibilidade, Kirk teve uma pane mecânica que associada às condições meteorológicas marginais, acabou levando ao sério acidente que o vitimou.

 

O Tenente Kirk faleceu na véspera do dia em que foi realizado o ataque decisivo contra o reduto; na página 253 do livro "A Campanha do Contestado", de autoria do Tenente Herculano Teixeira de Assunção, que participou das operações, lê-se o seguinte relato:

 

"Às 18 horas uma pungente notícia chegou ao conhecimento do Comandante Estillac: - o 1º Tenente Ricardo Kirk tinha sido vitimado num desastre, quando já havia começado o seu arrojado vôo União da Vitória-Rio Caçador - Claudiano. O piloto militar, que com tanta habilidade manejava a sua máquina, partiu neste mesmo dia 1º de março de 1915, de União da Vitória, num belo vôo; mas a 1 km do Rio Jangada, no quilômetro 42 da estrada de Palmas, um incidente imprevisto fizera o aeroplano precipitar-se em terra, matando o destemido aviador."

 

Perdia, assim, o Exército Brasileiro, numa época crítica do surgimento da aviação, o seu melhor aviador, dotado de larga experiência e, segundo depoimento de militares seus contemporâneos, oficial de grande capacidade de trabalho e inabalável fé no futuro da Aviação.

 

No local do acidente, as margens da rodovia que leva União da Vitória ao município de General Carneiro, foi erigido um monumento denominado "Cruz do Aviador". Inicialmente constava apenas de uma cruz de madeira, feita pelo camponês que socorreu o aviador acidentado. Rústica, feita de dormentes d'A Ferrovia do Contestado com o nome de Kirk entalhado a faca, permanece até hoje lembrando o infortúnio do primeiro acidente fatal de um aviador brasileiro. Em 05 de outubro de 1980 foi inaugurado um monumento no local pela prefeitura de General Carneiro, com a construção de uma estrutura de concreto armado simbolizando um o avião de Ricardo Kirk ao redor da cruz de dormentes. Em 10 de março de 2002, o Comando de Aviação do Exército erigiu no local um busto em bronze do aviador.

 

Em outubro de 1943, os restos mortais do Tenente Kirk foram transladados do cemitério de Porto União para o Mausoléu dos Aviadores, no cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro. Em 1996 foram transladados para monumento em sua homenagem, erguido no Comando de Aviação do Exército, em Taubaté - SP.

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01/06/2013 12:06

  

 

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